Blog criado para compartilhar as dificuldades de uma gravidez precoce e coisas relacionadas à maternidade.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

As três dores do parto

Depois da minha experiência de quase parto (isso me lembrou uma "experiência de quase morte", rsrs), recuperação de cesárea e a frustração de não ter tido o meu parto normal, cheguei a conclusão de que existem 3 dores de parto e vou compartilhar minhas experiências sobre elas!

Vou começar com aquela que todas temem, que eu acredito que seja mais por medo do desconhecido do que da dor em si, que é a dor do parto normal.
Sim é verdade que a dor é surreal e doí pra cacete e que cada contração é uma tortura, que parece que está te resgando toda por dentro, mas logo passa e vc respira e fica tudo bem, mas logo ela vem de novo até chegar o grande momento de empurrar o bebê pra fora, aquela hora de fazer força e que a cabeça do bebê começa a coroar, ela sai e em seguida você senti o corpinho deslizando pelo seu ventre. E pronto toda a dor do mundo acaba, vai embora e traz toda a felicidade do mundo no coração de mãe.
Mas há uma outra verdade que poucas conhecem, que a dor do parto vaginal pode ser gostosa, pode dar prazer e até mesmo provocar um orgasmo e o grande segredo está em se preparar para ela, não lutar contra ela, é se permitir receber essa dor focando que é ela que vai trazer o bebê para os seus braços, vi videos de parto de mulhres sorrindo durante as contrações, ouvi uma delas dizendo que "doí, mas é gostoso" e essa mesma dava gargalhadas durantes suas contrações!
É possivel sim sentir menos dor no parto, mas antes de mais nada precisamos aceita-la, o que eu não fiz, eu tinha muito medo e ansiedade dessa dor, mas estava disposta a encara-la e ir até o limite do meu corpo pra ter a minha filha no meus braços, mas quando ela chegou eu não a aceitei, fui contra ela e não com ela, pra não dizer que fui totalmente contra ela, somente quando tomei banho quente foi que consegui senti-la de outro modo, quando estava em casa ainda, fui tomar banho e ouvir uma música que me conectou ao meu interior, a música era Mother do grupo ERA, ela me fazia relaxar e sentir algo gostoso, o que me faz acreditar que é possivel SIM sentir prazer além da dor durante o trabalho de parto.
E estou disposta a recebe-la novamente quando for a hora!

Agora vem a dor da cesárea, meu Deus, não quero nem pensar, mas vamos lá...
Depois das 8 horas do efeito da Raquidiana, eu ainda estava meio dopada, mas podia sentir perfeitamente a dor em meu abdomem e foi aí que o verdadeiro inferno começou pra mim, precisei de ajuda pra tomar banho, mal conseguia sentar e deitar, quando precisava levantar e pegar a bebê do bercinho que estava ao lado da minha cama, parecia q tudo que tinha dentro de mim ia se abrir e meus orgãos internos sairiam pra fora, era terrível demais e pior era não ter ajuda nenhuma na maternidade.
Em casa o meu marido foi um verdadeiro Lord, se ofereceu a dar banho na bebê e não aceitou o meu NÃO como resposta, me ajudava a levantar da cama e a me deitar, cuidava de tudo e minha mãe também claro ajudou muito muito, principalmente fazendo comidinhas do jeitinho que a nutricionista da maternidade recomendou pra não interferir na amamentação.
Mas mesmo tendo todo o carinho e amor do mundo a dor era inevitável, doía pra sentar, levantar, deitar, era demais! muito pior do que qualquer contração que senti, mesmo as últimas que me pareciam não ter mais nenhum intervalo e eu permaneci com essas dores por uns 10 dias, até o dia em q tirei os pontos que mais uma vez foi torturante, nossa! eu confesso que gritei de dor, ainda bem que a bebê não estava no quarto senão teria se assutado e talvez chorado.
Sei que é vergonhoso e que a maioria das mulheres não confessaria isso publicamente de maneira alguma, mas vou contar porque aconteceu e gosto da sinceridade e verdade.
Acho que isso aconteceu uns 5 dias depois da cesárea, acordei no meio da madrugada com muita vontade de fazer xixi, não quis acordar meu marido pra não incomoda-lo, mas demorei tempo demais pra consegui levantar da cama e quando consegui levantar finalmente e colocar os pés no chão, não aguentei, aliás a minha bexiga não aguentou e fiz xixi ali mesmo em pé escorada na cama, não aguentei e comecei a rir, dei uma gargalhada e o maridão acordou assutado e quando percebeu o que estava acontecendo ficou assustado e ficamos ali rindo, porque é a melhor coisa a se fazer numa hora como essa, até que gritei minha mãe e ela veio e me ajudou a ir pro banheiro e limpar a sujeira que eu fiz, minha mãe coitada ficou tão sensibilizada ao me ver naquela situação já que não era uma cesárea que ela sonhara pra mim!
Mas sim, fiz isso sim por conta da tamanha dor que eu sentia que me impossibilitava de fazer qualquer coisa de maneira ágil. Isso é apenas um exemplo do reflexo do quanto a dor interferia em tudo o que eu fazia sim, porque pra tomar banho precisei de ajuda várias vezes, me sentar pra comer era horrivel, sentia tudo se abrindo e ainda tinha que cuidar dos pontos, mais uma vez mamãe me ajudava, trocar a bebê e dar vários banhos ao dia nela era uma verdadeira tortura, mal podia respirar aliviada e dizer "Sou mãe!" com ar de satisfação, estava sim absolutamente feliz, meu corpo transbordava de tanta ocitocina! Ainda não tinha me dado conta de que meu sonho de parir fora pelo ralo, mas depois que a dor da recuperação passou...


Agora veio a terceira dor que permanece comigo até hoje, aquela da frustração e que se fez presente durante a cesariana, mas que depois que a Eduarda nasceu eu a esqueci e deixei de lado, porém depois que a dor da cesárea se foi e eu pude respirar em enfim aliviada "Sou mãe!" e com esse peso da maternidade comecei a ter meu "Baby Blues" que é absolutamente normal, foi aí que a ficha caiu e pensei "Hei eu não tive meu tão desejado parto normal" e me enchi de questionamentos internos e buscava as respostas em cada segundo que se passava na minha cabeça lembrando da noite antes de cesárea, depois de muito tempo pensando, chorando, me culpando cheguei até fazer uma lista das coisas que deram errado pro parto...
Sabe me doeu tanto que me lembro de fazer agachamentos, fazer força, queria sentir minha filha descendo pelo meu ventre, sentir que ela veio de mim, mas tudo aquilo era em vão, cheguei até pensar em rejeitar minha filha já que eu não sentia que ela havia saído de mim, pensei pro várias vezes em entrega-la pra adoção e me livrar do peso de ser mãe e quem sabe junto esquecer que havia sofrido tanto pra traze-la ao mundo em vão!
Queria outra gravidez, outro parto, outro filho pra esquecer tudo aquilo que eu sentia, me doía demais, eu chorava escondido, chorava enquanto a bebê sugava, pensei em en gravidar imediatamente, me esqueci até do fato que pra se ter um parto vaginal teria quer um intervalo minimo de 2 anos depois da cesárea...
Sei que por meses quis outra gravidez e outro parto, não pensava na criança, só no parto que seria do meu jeito sem covardias, sem medo... Meu marido nessa aceitação foi meu heroí, que me manteve os pés no chão, que me lembrava do quanto nossa filha era especial e no quanto eu era forte por ter superado coisas muito maiores que a frustração de um "não parto".
Eu ainda não superei mesmo depois de praticamente 7 meses e sei que essa dor vai comigo pelo resto da vida, já que mesmo que tenha um parto do jeito que sonho no futuro, nada vai curar a cicatriz do meu coração por não ter dado o parto que minha filha merecia, afinal se ela foi concebida de forma natural, merecia SIM um parto com a natureza manda!

2 comentários:

  1. Você é muito, muito direta. E é isso que principalmente mulheres, sendo mais específica - mães, deveriam ser.
    Claro que há casos e mais casos, mas a cesárea eletiva tem se tornado comum, ocupa cerca de 80% dos partos em hospitais particulares. Salvam-se as enganadas, mas são minoria. Com a deturpação da palavra PARTO (que convenhamos, o povo ajuda), as mulheres não conseguem ver como algo natural, de Deus, da natureza, que faz bem à ambos e até proporciona prazer, sensação de dever cumprido, lembram-se só e exclusivamente da DOR, como se fossem morrer, e isso é egoísmo. Eu estou contigo nessa de lutar pelo humanismo e você sabe, tenho PAVOR de cirurgia, essas são feitas em casos extremos, não só por estética/frescura. E eu acredito que num futuro não tão distante (so far away - virei narradora de contos de fada kkkkkkk) as coisas mudem... Se invertam. Que abominem o que hoje amam: o bisturi!
    E vocês, mães, que passam por aqui, dêem mais credibilidade ao que uma pessoa que passou por uma experiência desastrosa de cesárea (que até hoje vocês devem ver somo 'a salvação') posta, do que à outras que nunca passaram, não lêem, não se informam e só pensam em si - dor de parto não mata, se matasse suas mães/avós não estariam aqui pra contar história! Há complicações e mais complicações, podem sim haver, mas a probabilidade é mínima, depende do caso e acredite, de dor não morreremos e pior, mais fácil morrermos numa cesárea invasiva do que em algo tão comum como o parto normal. PAlém de sofrer física e psicológicamente depois por um direito tirado, um fracasso (seu ou médico), pensem! Vocês são protagonistas de seus partos, não os médicos, embora agora os papéis estejam quase sempre sendo invertidos.

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    1. Menina tu me surpreende sabia? Tão nova e longe de ser mãe e ter uma consciência tão grande quanto ao parto ao nascimento.
      Parabéns Thaís, se as adolescentes de hj começarem a pensar como vc, um dia poderemos realmente ter essa situação revertida.
      Parto não é só dor, é o ponto máximo da feminilidade, é o ponto onde a mulher pode se ser mulher por completa, aonde ela é dona de seu corpo, entregar-se aos médicos numa cesárea eletiva sem necessidade é abrir mão do ápice da experiência feminina, abrir mão de viver o momento mais marcante da vida que é se tornar mãe.
      De que adiantou as mulheres do passado lutarem tanto pra ter direito a pílula, a votar, a ter opinião, aos salários iguais, ser tratada como igual e hoje se submetem ao machismo completo quando entregam seus partos, seus filhos as mãos de outros? Juro que não entendo essa evolução...
      Eu como mulher e mãe me sinto absolutamente enfraquecida pelo fato de não ter parido, parece que parte de mim como mulher ficou grudado no bisturi, de que me adianta ser mulher se não pude parir minha cria como fêmea que sou?
      Sou fêmea, sou como uma leoa que defende sua cria com garras e dentes e não irei descansar enquanto eu não puder colocar a essência feminina que existe em mim pra fora parindo meus filhotes...

      Essa sou eu e assim penso!

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