Blog criado para compartilhar as dificuldades de uma gravidez precoce e coisas relacionadas à maternidade.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Renascer Mulher


Antes de pensarmos no renascimento desta mulher precisamos voltar um pouco mais em sua história e lembrarmos de como nascemos mulher, quando nossa feminilidade aflorou em nosso corpo, quando foi que percebemos que temos vaginas e que existe outro sexo além do nosso. Quando de fato nascemos mulheres? Foi quando ainda estávamos no ventre de nossas mães? Foi quando nossos seios despontaram? Ou quando menstruamos pela primeira vez? Ou na nossa primeira noite com um rapaz? Ou no orgasmo? Quando é que essa informação inconsciente passou a ser consciente?


Certamente cada uma de nós terá uma resposta, mas quantas vezes refletimos sobre isso? E quão importante isso possa ser? Já se perguntou o que te faz ser a MULHER que você é hoje? Quando digo mulher estou falando diretamente de sua sexualidade, de se sentir mulher e essa sexualidade vai além do sexo, pode ser simplesmente um carinho que fazemos em nós mesmas, seja ir no salão para nos sentirmos bonitas, seja apenas estar nua... não importa qual seja sua maneira de se sentir mulher, uma coisa é certa todas nós temos nosso jeitinho especial de deixar a flor da pele uma essência puramente feminina...


Mas vamos pensar um pouquinho mais além desta reflexão íntima, e se pensarmos que passamos por muitas etapas e que renascemos mulheres ao longo da vida e que ao fim dela fomos diversas mulheres, desde a mais frágil como a mais feroz? Podemos ser quantas mulheres quisermos, mas quando renascemos para este universo misterioso da feminilidade?


Passamos de meninas para moças entre 10 a 14 anos... depois de moças para mulheres quando atingimos a maturidade de um adulto por volta dos 20 anos... e de mulheres para senhoras quando temos a menopausa... mas quando foi nesse cronograma que renascemos?


Dentre todos os eventos desse grande universo feminino, o maior deles é o parto sem dúvidas, pois nessa transição que o nascimento de um filho nos promove, diversas coisas ocorrem tanto externas, quanto internas e é desse interior que quero falar.



Primeiramente o parto é uma explosão hormonal, principalmente de ocitocina, aquele hormônio que liberamos quando temos um orgasmo, pois é, se você ainda não sabia aqui fica uma informação valiosa, o mesmo hormônio do prazer sexual é também o que faz com seu útero se contraia desencadeando o trabalho de parto e é também o tal "sorinho" pra ajudar acelerar o processo aumentando as contrações uterinas, porém este "sorinho" é sintético, não sendo produzido pelo nosso corpo nem tendo os mesmos beneficios que o natural.


Michael Odent obstetra e cientista francês diz: “qual é a parte mais ativa em uma mulher em trabalho de parto?” - o cérebro. É ele que comanda todas as contrações uterinas, a intensidade com que acontecem, o ritmo do trabalho; é o cérebro que acionará e liberará no organismo da mulher hormônios que vão além do nascimento em si, agindo na transformação da mulher (e todas as outras fêmeas) em uma mãe. Alguns hormônios atuam não apenas no nível físico, mas também no nível comportamental e emocional, como a prolactina, que ativa o instinto materno, ou as beta-endorfinas que criarão o laço de dependência e cuidado entre mãe e filho.
Chegamos num ponto muito importante dessa nossa reflexão, a transformação de mulher para mãe e aqui RENASCE UMA MULHER... 
O parto em sua visão fisiológica vai além de expulsar o bebê para fora do útero, ele torna essa mulher que gerou uma criança em uma MÃE, que se respeitada em seu tempo de parir receberá os hormônios que lhe darão o instinto maternal, que fará jorrar alimento para sua cria em seus seios, que lhe ensinará a proteger mais a cria do que a si mesma, que lhe mostrará uma nova forma de amar, que lhe ensinará a deixar de lado o egoísmo. 


Depois deste evento inesquecível tanto consciente e inconsciente, esta mulher e este corpo feminino nunca mais serão os mesmos, ela agora terá uma nova visão sobre a capacidade de seu corpo, sentirá as mais diversas emoções que em sua maioria não podem ser descritas em palavras, sua cria nasceu e ela renasceu...
E isso ocorre a cada parto, a cada novo bebê, uma nova mulher renascerá, podemos renascer quantas vezes parirmos, por isso a importância de se ter um parto respeitado, minimamente humanizado, para que esse nascimento e renascimento aconteçam naturalmente e que se tornem o mais positivo possível.


Mas e agora? Quem é essa mulher renascida? O que de fato mudou nessa fêmea? A verdade é que não tenho essas respostas, porque afinal cada mulher renascerá a sua maneira, cada mulher será ainda mais única em sua essência, agora ela terá um novo adjetivo: MÃE! E se não for o primeiro filho será MÃE DE DOIS e assim suscetivamente, a cada novo bebê ela será uma nova mãe, entrará ainda mais profundamente nesse misterioso universo feminino.


Para viver esse renascimento de maneira profunda é preciso estar de corpo, coração e alma abertos para provar esta mágica transformação, deixar-se levar pela a ocitocina que está no ar, não ter medo de ser mãe e nem de tudo o que ocorre para que isso se conclua, entregar-se para o amor maternal.
Este texto não tem a intenção de ser um guia para viver a experiência de ser mãe, mas de levar a todas as mulheres para uma reflexão intima, própria e única, cada uma em seu interior para abrir ainda mais o coração para a maternidade, tenha sido ela escolhida ou não e se não foi no que pra você seria o momento certo, deixe se surpreender pelo o que está havendo em seu corpo, por esta transformação em seu interior que vai além de ter um bebê em seu ventre, mas sim uma explosão de sentimentos positivos, uma vivência única que pode ser muito prazerosa se você estiver disposta a passar por essa linda e mágica passagem de uma simples mulher, para uma GRANDE MULHER RENASCIDA!


Esse texto tem a intenção SIM de levar à uma reflexão para se ter um parto vaginal, ao mais natural possível, já que em uma cesárea agendada esta explosão hormonal não ocorre, mas também não estou dizendo que uma mãe que teve seus filhos por cesáreas não será boa mãe, afinal estaria criticando a minha mesma, que mesmo tendo passado pelas contrações do trabalho de parto, a via de nascimento da minha filha foi cirúrgica e nem por isso deixei de viver intensamente o meu maternal, o meu renascer mulher, porém sinto que pra mim isto foi incompleto, não ter sentido minha filha nascer ainda que eu tivesse que passar dores ainda mais cruéis as que passei, me deixou muito frustrada, porém me foquei em ser uma mãe puramente instintiva, deixei que toda aquela ocitocina que eu pude sentir correndo em minhas veias marcasse esse momento eternamente, pois eu senti e isso pra mim não tem preço e ninguém vai me roubar essa doce lembrança de poder sentir meu corpo se preparando para trazer minha filha ao mundo e essa intimidade e vivência me fizeram RENASCER MULHER! Porém sem querer criticar as mães de cesáreas agendadas, nelas esta vivência não ocorre, afinal neste instante se está grávida e no outro  já se tornou mãe sem passar por essa preparação que o trabalho de parto nos dá, essa transição com um mix de sensações que passamos durante as contrações e seus intervalos e com toda certeza o momento em si da expulsão, de poder sentir o bebê rotacionando dentro da pelve, senti-lo escorregar para o mundo... Isso tudo é puro êxtase!


Concluindo todo este discurso, a vivência de nos tornarmos mãe é sem dúvida um renascimento intimo dentro de cada uma e que pode ser vivido com intensidade, cada uma a sua maneira de ser mulher!

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